Equipamento será lançado nos Estados Unidos em novembro.
Com quase 20 cm de altura, ele ficará em órbita a 310 km de altitude.
Grupo de jovens trabalha com solda em placas-teste no projeto para lançar o satélite 'Tancredo 1', um equipamento que vai girar ao redor do planeta a uma altitude de 310 quilômetros. |
O projeto é uma ideia do professor de matemática Cândido Oswaldo de Moura, inspirado em uma reportagem sobre os "TubeSats", kits para a criação de satélites “pessoais”, desenvolvidos pela empresa Interorbital Systems, nos Estados Unidos.
A solução veio em duas etapas. Primeiro, o professor entrou em contato com o Inpe e conseguiu fazer uma parceria com a instituição.
“A burocracia demorou uns meses, mas agora nós [os professores] fomos até o instituto para receber treinamento e estamos supervisionando as crianças aqui.” Já o material foi obtido por US$ 8,6 mil, valor pago por comerciantes da cidade.
Modelo do satélite que será construído para ser lançado nos EUA. |
Pesando apenas 750 gramas, o satélite receberá o nome de “Tancredo 1” e será composto por cinco placas. A energia será garantida por células fotovoltaicas, que envolvem todo o cilindro.Há ainda um espaço dentro do satélite que pode ser usado para pequenos experimentos científicos no espaço.
“É como se a gente mandasse um robozinho nosso ao espaço”, brinca o professor.
O equipamento deve ficar alguns meses em órbita, girando a Terra a 310 quilômetros de altitude. A essa distância, o satélite não irá virar mais um entulho no espaço e deverá queimar na atmosfera ao ser atraído aos poucos pelo planeta.
O lançamento está previsto para novembro de 2011 e será feito nos Estados Unidos.
Gosto por ciência
Logo na entrada, a escola mostra a inclinação para a astronomia, com um planetário dominando o pátio central. Em uma das salas, as crianças dividem-se entre soldas, placas com cobre, desenhos em papel e até ferro de passar, para marcar os circuitos nas placas antes da corrosão.
O cotidiano dos jovens é marcado por atividades diárias, muitas delas voltadas à soldagem de componentes em circuitos elétricos. As crianças são auxiliadas todos os dias pelas professoras Patricia Patural e Mariléa Borine D’Angelo.
O grupo de alunos com os professores na escola municipal em Ubatuba. |
Mais falante que os demais, Marcelo Angelo da Silva Filho explica com orgulho o trabalho de precisão que os alunos precisam enfrentar em placas-teste, como preparativo para a montagem final do satélite. “Eu já tive de soldar a mesma peça até 15 vezes até acertar. Soldar é difícil e a peça não pode ter erros.”
Planetário no pátio central da escola municipal Tancredo Almeida Neves. |
A princípio, 108 crianças estavam no projeto. Algumas desistiram, mas entre as que ficaram o sentimento é de que, aos poucos, o projeto fica cada vez mais real. “No começo, eu achei que fosse uma brincadeira do professor. Agora eu estou mais confiante, acho que a gente vai conseguir. É uma chance única para aprender”, afirma Sarah.