Camila Vallejo disse que movimento brasileiro avançou mais do que o chileno.
UNE realiza protesto em Brasília e pede 10% do PIB para educação.
“No Brasil, o movimento se articulou com a sociedade e o governo ao longo da história e teve conquistas, ainda que pequenas. No Chile, vivemos há anos um descontentamento muito grande e só agora conseguimos uma aproximação com a sociedade”, comparou a estudante, que ficou conhecida como a musa dos protestos chilenos.
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A líder estudantil chilena Camila Vallejo durante manifestação em Brasília |
No Chile, os estudantes protestam há cerca de dois meses pela gratuidade do ensino superior. Na semana passada, eles se uniram a grevistas da maior central sindical do país numa paralisação de dois dias que terminou com mais de 1.400 detidos, 200 feridos e um adolescente morto. A polícia assumiu a culpa pela morte do jovem, e o governo chamou os estudantes para negociar.
Em Brasília, Camila participa de manifestação da União Nacional dos Estudantes (UNE) que defende investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação. Atualmente são investidos cerca de 5%. O protesto da UNE também pede que 50% do fundo social do pré-sal sejam repassados somente para a educação e que as taxas de juros brasileiras sejam reduzidas.
“O que queremos é o governo aprove pelo menos R$ 85 bilhões anuais para a educação, que, como todos sabem, está sucateada”, disse o presidente da UNE, Daniel Iliescu.
A visita de Iliescu ao Chile, na última semana, serviu para que os movimentos estudantis dos dois países começassem a pensar uma estratégia comum. “Nenhum país está isolado e as conquistas de ontem de um lugar são as dificuldades de outro na atualidade”, comentou Camila, que é estudante de geografia da Universidade do Chile.
De acordo com a estudante, a imagem que se projeta do Chile no exterior, de um país desenvolvido, não é a mesma que a população local tem. “Não somos modelo de um país de perspectiva, só de falta de oportunidade e de educação.”
De acordo com Camila, as principais queixas dos estudantes chilenos são o preço das universidades e a qualidade do ensino.
Manifestação
Os manifestantes realizaram uma lavagem simbólica da entrada do Banco Central por volta das 9h desta quarta. Às 10h, eles seguiram para o Congresso Nacional.
No caminho, no meio da Esplanada dos Ministérios, encontraram o ministro do Esporte, Orlando Silva, que tirou fotos com estudantes.
Silva disse que ouviu o barulho da manifestação e saiu de seu gabinete “para matar a saudade”. O ministro iniciou sua vida política como presidente da UNE em 1995.
O ministro apoiou a reivindicação de que 10% do PIB seja repassado para a educação. “Todo o investimento em educação no Brasil é pouco. Precisamos ampliar o acesso e aumentar a qualidade. Se tenho a chance de defender os interesses dessa classe, sempre defendo. A reivindicação é mais do que justa, é necessária", disse Silva.
De acordo com a Polícia Militar, cerca de 3 mil pessoas fizeram o percurso. Entre os participantes, estavam alunos da rede pública de ensino do DF, de outros estados e estudantes de colégios particulares de Brasília.
“Mesmo que o dinheiro não vá para a minha escola, viemos ajudar para mostrar que não somos alienados que assistem tudo de camarote”, disse a estudante do 2º ano de ensino médio Helena Gemayl.
“Fico muito triste por saber que, enquanto estou no ar-condicionado da sala de aula, tem gente estudando com buracos no teto e professores com problemas de saúde por causa do stress e das más condições de trabalho”, disse Eduarda Bauer, do 1º ano do ensino médio.
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O ministro do Esporte, Orlando Silva, participou da Marcha dos Estudantes pela Educação |
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Estudantes entram em espelho d´água em frente ao Congresso |